{"id":750,"date":"2017-08-08T06:56:07","date_gmt":"2017-08-08T06:56:07","guid":{"rendered":"https:\/\/rede3.contabilit.com.br\/faimcontabil\/fatores-de-sucesso-e-insucesso-de-micro-e-pequenas-empresas\/"},"modified":"2017-08-08T06:56:07","modified_gmt":"2017-08-08T06:56:07","slug":"fatores-de-sucesso-e-insucesso-de-micro-e-pequenas-empresas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/faimcontabil.com.br\/2017\/08\/08\/fatores-de-sucesso-e-insucesso-de-micro-e-pequenas-empresas\/","title":{"rendered":"Fatores de Sucesso e Insucesso de Micro e Pequenas Empresas"},"content":{"rendered":"
O n\u00famero de micro e pequenas empresas (MPES) cresce a cada dia no Brasil. Dentre os diversos fatores de suporte a este crescimento, tem-se o empreendedorismo, mas embora haja uma quantidade significativa de micro e pequenos empreendimentos, existe uma preocupa\u00e7\u00e3o com o tempo de vida dessas empresas, que muitas vezes n\u00e3o sobrevivem ao mercado grande e competitivo. Assim, este estudo vem abordar os principais fatores que contribuem para o sucesso ou insucesso das micro e pequenas empresas, considerando as caracter\u00edsticas dos neg\u00f3cios pesquisados e de seus empreendedores. Demonstra-se por meio de um estudo multi-casos, baseado em entrevistas semi-estruturadas com empres\u00e1rios, quais desses fatores est\u00e3o\/estiveram presentes na vida das empresas pesquisadas. Conclui-se que, fatores como qualifica\u00e7\u00e3o, organiza\u00e7\u00e3o, dedica\u00e7\u00e3o e a capacidade de assumir riscos e de inovar no neg\u00f3cio s\u00e3o algumas das qualidades positivas observadas no empreendedor. Al\u00e9m disso, o planejamento do neg\u00f3cio revelou-se fator essencial para o seu sucesso. Por outro lado, o insucesso revelou-se suportado por quest\u00f5es como falta de foco e identidade e, principalmente, aus\u00eancia de planejamento do neg\u00f3cio. Em rela\u00e7\u00e3o ao empreendedor, tem-se que o pouco conhecimento do mercado e, especialmente do ramo em que estava atuando contribu\u00edram para o fracasso da empresa.<\/p>\n
A cada dia novos neg\u00f3cios s\u00e3o iniciados e estes, por sua vez, nem sempre alcan\u00e7am o sucesso esperado.Assim, muitos acabam fechando em pouco tempo. O presente estudo vem tratar destetema de importante relev\u00e2ncia para a sociedade, visto que empresas, principalmente as de micro e pequeno porte, s\u00e3o cada dia mais comuns no Brasil.<\/p><\/blockquote>\n
Assim, esta pesquisa volta-se para o empreendedorismo de micro e pequenas empresas no Brasil. Estas foram escolhidas devido a sua grande representatividade e import\u00e2ncia no Pa\u00eds. As diferentes motiva\u00e7\u00f5es que levam as pessoas a empreenderem um micro ou pequeno neg\u00f3cio tamb\u00e9m est\u00e3o aqui abordadas, o que se relaciona muitas vezes ao perfil do empres\u00e1rio que estar\u00e1 \u00e0 frente dos neg\u00f3cios. O t\u00f3pico inicial trata das motiva\u00e7\u00f5es para a abertura de novas micro e pequenas empresas. . Na sequ\u00eancia, apresentam-se diferentes perfis de empreendedores, classificandose algumas t\u00e9cnicas e habilidades que s\u00e3o requeridas aos mesmos. As etapas do processo empreendedor tamb\u00e9m est\u00e3o tratadas com aten\u00e7\u00e3o nesta pesquisa. No t\u00f3pico seguinte do estudo, pode-se compreender alguns pontos importantes que levam as empresas a permanecerem ou n\u00e3o no mercado. Puderam ser apontados alguns fatores de sucesso da empresa, identificando as qualidades e pontos positivos do empreendedor e do empreendimento. Da mesma forma, observam-se estas caracter\u00edsticas no ponto de vista oposto,ou seja, as que acabam contribuindo para o insucesso do neg\u00f3cio. Estudos de casos foram realizados para transportar o que foi estudado no referencial te\u00f3rico para a realidade e cotidiano de duas empresas distintas. A primeira empresa estudada (Empresa \u03b1), ainda permanece no mercado e vem alcan\u00e7ando o sucesso esperado. A segunda empresa estudada, (Empresa \u03b2), j\u00e1 encerrou suas atividades. Assim, abordam-se por meio de entrevistas semi- estruturadas junto aos empres\u00e1rios, algumas quest\u00f5es relevantes e que contribuem para o alcance dos objetivos do estudo aqui proposto. . Demonstra-se o que de fato ocorre\/ocorreu com estas empresas \u00e0 luz do referencial te\u00f3rico utilizado, concluindo-se com algumas considera\u00e7\u00f5es e observa\u00e7\u00f5es importantes. Para o alcance de tais objetivos, a presente pesquisa foi conduzida a partir da busca de respostas a algumas quest\u00f5es essenciais : Quais os fatores contribuem para que uma micro ou pequena empresa obtenha sucesso? Quais a\u00e7\u00f5es o empres\u00e1rio vem desenvolvendo para manter o seu neg\u00f3cio? Quais fatores na vis\u00e3o do empres\u00e1rio, conduziram a empresa ao o t\u00e9rmino das suas atividades ?<\/p>\n
Motiva\u00e7\u00f5es para empreender uma micro ou pequena empresa<\/h2>\n
\u00c9 not\u00e1vel a quantidade de micro e pequenos empreendimentos existentes hoje no Brasil. Segundo o SEBRAE-SP (2006), as micro e pequenas empresas<\/strong> correspondem a 98% das empresas brasileiras. Talvez a diversidade de formas de se classificar estas empresas e, principalmente, as facilidades que estas v\u00eam adquirindo no setor financeiro, constituam-se em motivos que t\u00eam levado os empreendedores a montar um neg\u00f3cio com estas caracter\u00edsticas. Para Azevedo (1992) este interesse est\u00e1 relacionado \u00e0 disponibilidade de capital do empreendedor, mesmo que este seja advindo de seus direitos\/incentivos ap\u00f3s sua sa\u00edda do trabalho. O sonho de ter o pr\u00f3prio neg\u00f3cio e o desemprego, tamb\u00e9m s\u00e3o expostos por Azevedo (1992), que afirma entretanto que, por tr\u00e1s de qualquer interesse h\u00e1 uma motiva\u00e7\u00e3o principal, o interesse lucrativo. SEGeT \u2013 Simp\u00f3sio de Excel\u00eancia em Gest\u00e3o e Tecnologia 2 Em entrevista concedida ao SEBRAE\/RJ (Servi\u00e7o Brasileiro de Apoio \u00e0s Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro) em 2003, Mar\u00edlia de Sant’Anna Faria (T\u00e9cnica no SEBRAE\/RJ), e Takeshy Tachizawa (professor da Funda\u00e7\u00e3o Get\u00falio Vargas) destacaram outras motiva\u00e7\u00f5es, al\u00e9m das j\u00e1 defendidas por Azevedo (1992). Dentre elas a identifica\u00e7\u00e3o de uma oportunidade, a experi\u00eancia anterior, a insatisfa\u00e7\u00e3o no emprego e o tempo dispon\u00edvel. Os autores destacam esses fatores como sendo grandes motivos \u201cque t\u00eam levado um grande contingente de pessoas a abrir um neg\u00f3cio pr\u00f3prio\u201d (FARIA; TACHIZAWA, acesso em 20 mar. 2010). Indo ao encontro do que \u00e9 exposto por Faria (2003) e Tachizawa (2003), pode-se reafirmar que, aliado \u00e0s facilidades que o Governo vem oferecendo \u2013 para o desenvolvimento do Pa\u00eds \u2013 h\u00e1 de se considerar as diversas motiva\u00e7\u00f5es que derivam de caracter\u00edsticas pessoais que contam no momento de se tomar a decis\u00e3o. Desta forma, o t\u00f3pico seguinte trata dos empreendedores e de algumas de suas habilidades e caracter\u00edsticas essenciais.<\/p>\n
O Empreendedor<\/h2>\n
Dornelas (2001) afirma que empreendedorismo pode ser ensinado, desde que as habilidades requeridas a um empreendedor sejam compreendidas e seguidas em equil\u00edbrio com dificuldades cotidianas, alcan\u00e7ando provavelmente o sucesso da empresa. No livro, \u201cIniciando uma Pequena Empresa com Sucesso\u201d, Morris (1991) define quatro tipos de pessoas que abrem empresas, que aqui chamamos de empreendedores. Ele os diferencia em o artes\u00e3o, o administrador experiente, o vendedor e o burocrata. O que se nota de diferente entre esses empreendedores s\u00e3o habilidades e caracter\u00edsticas pessoais, que \u201csobram\u201d a alguns e \u201cfaltam\u201d em outros, n\u00e3o havendo muitas vezes um equil\u00edbrio no perfil dos empreendedores. Dornelas (2001) classifica as habilidades requeridas a um empreendedor em tr\u00eas \u00e1reas: T\u00e9cnicas; Gerenciais; e Pessoais. Empreender requer pr\u00e1ticas e habilidades especiais. O autor ainda divide o processo empreendedor em quatro etapas, afirmando que, apesar de serem mencionadas seq\u00fcencialmente, n\u00e3o se faz necess\u00e1rio terminar uma etapa para iniciar a outra, sendo elas: Identifica\u00e7\u00e3o e avalia\u00e7\u00e3o da oportunidade; Desenvolvimento do plano de neg\u00f3cio; Determina\u00e7\u00e3o e capta\u00e7\u00e3o dos recursos necess\u00e1rios; e Gerenciamento da empresa criada. A seguir ser\u00e3o discutidos alguns fatores que contribuem para o sucesso ou o fracasso das empresas, reafirmando algumas vezes o que j\u00e1 foi dito neste cap\u00edtulo.<\/p>\n
Alguns pontos considerados importantes para o sucesso<\/h3>\n
Neste t\u00f3pico v\u00ea-se que alguns fatores, atitudes e a\u00e7\u00f5es contribuem para o sucesso ou o insucesso das empresas. Alguns autores e estudos abordam esta problematiza\u00e7\u00e3o e auxiliam a compreender melhor esses fatores. Dentre eles, uma pesquisa realizada pelo SEBRAE (2007), onde dois fatores principais s\u00e3o mencionados como sendo determinantes para o sucesso alcan\u00e7ado: um ambiente econ\u00f4mico melhor e uma maior qualidade empresarial (SEBRAE, 2007). No quesito ambiente econ\u00f4mico, os organizadores da pesquisa afirmam que: \u201c[…] ocorreram a redu\u00e7\u00e3o e o controle da infla\u00e7\u00e3o, a gradativa diminui\u00e7\u00e3o das taxas de juros, o aumento do cr\u00e9dito para as pessoas f\u00edsicas e o aumento do consumo, especialmente das classes C, D e E\u201d (SEBRAE, 2007, p.4). J\u00e1 no ponto de vista da qualidade empresarial: […] os empres\u00e1rios que j\u00e1 t\u00eam curso superior completo ou incompleto j\u00e1 s\u00e3o 79% do total, e aqueles com experi\u00eancia anterior em empresa privada subiram de 34% para 51%. […] empres\u00e1rios muito mais capacitados para enfrentar os desafios do mercado […] (SEBRAE, 2007, p.4). Os organizadores do estudo afirmam que os empres\u00e1rios melhor qualificados sabem administrar e lidar com os problemas de ordem econ\u00f4mica de uma melhor maneira SEGeT \u2013 Simp\u00f3sio de Excel\u00eancia em Gest\u00e3o e Tecnologia 3 (SEBRAE, 2007). Pereira (1995) menciona algumas qualidades do empreendedor e dos empreendimentos que se constituem como base para o sucesso dos mesmos. – Qualidades do empreendedor: \u201cDiversas caracter\u00edsticas de personalidade que tipificam o perfil do empreendedor podem ser consideradas \u2018qualidades\u2019 essenciais ao sucesso do empreendedor e consequentemente do empreendimento\u201d (PEREIRA, 1995, p. 273). Tais como: \u2022 Motiva\u00e7\u00e3o para realizar; Persist\u00eancia na busca dos objetivos: saber onde se quer chegar; Criatividade: implica em liberdade para agir independentemente; Autoconfian\u00e7a: estar seguro das pr\u00f3prias id\u00e9ias e decis\u00f5es; Capacidade de assumir riscos: ter iniciativa e assumir responsabilidade pelos pr\u00f3prios atos; Outros atributos pessoais: capacidade para delegar tarefas e decis\u00f5es; capacidade prospectiva para detectar tend\u00eancias futuras; esp\u00edrito de lideran\u00e7a para conduzir e orientar equipes, entre outros. – Qualidades do empreendimento: \u201c[…] as empresas tamb\u00e9m t\u00eam pontos positivos e problemas […]. As principais qualidades que constituem a base do sucesso empresarial (PEREIRA, 1995)\u201d, s\u00e3o: Na \u00e1rea mercadol\u00f3gica; Na \u00e1rea t\u00e9cnico- operacional; Na \u00e1rea financeira; Na \u00e1rea jur\u00eddico- organizacional. O autor lembra ainda, que muitas vezes n\u00e3o se faz necess\u00e1rio ter todas as caracter\u00edsticas mencionadas acima, a presen\u00e7a de algumas j\u00e1 demonstra um indicador positivo uma vez que est\u00e3o inter-relacionadas. J\u00e1 Zaccarelli (2003), afirma que, \u00e9 uma grande fal\u00e1cia considerar que os empres\u00e1rios por suas caracter\u00edsticas pessoais e seu capital determinam o sucesso da empresa, ele justifica este fato por se tratar de atributos do empres\u00e1rio e n\u00e3o do neg\u00f3cio. O estudo do SEBRAE (2007), tamb\u00e9m faz um levantamento com os empres\u00e1rios entrevistados, considerando os que est\u00e3o na ativa e os que j\u00e1 tiveram suas empresas extintas, em que os mesmos apontam o que para eles s\u00e3o fatores de sucesso. Os fatores mencionados foram divididos em tr\u00eas categorias: Habilidades gerenciais; Capacidade empreendedora; Log\u00edstica operacional. A partir das tabelas (4, 5 e 6) abaixo, pode-se compreender e distinguir estes fatores de maneira mais detalhada. Vale destacar que os entrevistados podiam ter mais de uma resposta.<\/p>\n
Alguns pontos que contribuem para o fracasso e insucesso<\/h2>\n
Ao se aprofundar no insucesso e fracasso das empresas, Zaccarelli (2003) seleciona e menciona seis li\u00e7\u00f5es que, para ele, n\u00e3o s\u00e3o consideradas suficientes para levar uma empresa ao sucesso. S\u00e3o elas: Corrigir defici\u00eancias e erros da administra\u00e7\u00e3o; Tentar imitar empresas bem-sucedidas; Buscar excel\u00eancia; Buscar ser bom em tudo; Usar t\u00e9cnicas administrativas modernas de f\u00e1cil implanta\u00e7\u00e3o; e Elaborar planos superficiais. Dentre as raz\u00f5es para o fechamento das empresas destacados no estudo realizado pelo SEBRAE em 2007, tem-se que: \u201cA carga tribut\u00e1ria \u00e9 o fator assinalado que mais impacta nas empresas\u201d (SEBRAE, 2007, p. 38). Pereira (1995) menciona fatores externos que, geralmente, tamb\u00e9m s\u00e3o citados pelos empreendedores que recentemente tiveram seu neg\u00f3cio fechado. S\u00e3o eles: a culpa do governo, da infla\u00e7\u00e3o, do mercado, dos concorrentes, dos fornecedores, dos juros altos cobrados pelos bancos, e da infideliza\u00e7\u00e3o dos clientes. Ch\u00e9r (1991) afirma que a inexperi\u00eancia com o ramo dos neg\u00f3cios, \u00e9 um dos motivos que levam as empresas ao fracasso, muitas vezes, precocemente. A falta de compet\u00eancia administrativa, tamb\u00e9m \u00e9 mencionada por este autor, que afirma que, ocorre do empreendedor conhecer o ramo, mas n\u00e3o saber administrar\/gerenciar. Nesse sentido, torna-se pertinente lembrar que nem todo o empreendedor foi capacitado formalmente para abrir um neg\u00f3cio. E, mesmo se tratando daqueles que passaram por cursos de gradua\u00e7\u00e3o em administra\u00e7\u00e3o, muitas vezes, o que ocorre \u00e9 que estes n\u00e3o s\u00e3o formados adequadamente no que se refere aos aspectos empreendedores, visto que h\u00e1 uma \u00eanfase na teoria em detrimento da pr\u00e1tica, observada em tais cursos. Vari\u00e1veis de ordem psicol\u00f3gica, tamb\u00e9m colaboram para o fracasso das empresas, segundo Ch\u00e9r (1991). \u201cA falta de resist\u00eancia e a incapacidade de assumir riscos, n\u00e3o podem fazer parte do esp\u00edrito empreendedor. A n\u00e3o capacidade de se conviver com longos per\u00edodos de dificuldades pode ser fatal.\u201d (CH\u00c9R, 1991, p. 22). Segundo Mattar (1988), existem fatores externos e internos que levam a empresa ao fracasso. Os motivos externos dizem respeito ao que ocorre no meio ambiente da empresa, que est\u00e1 fora do seu controle e que lhe dificulta a sobreviv\u00eancia. Os motivos internos dizem respeito aos pontos fracos das pequenas empresas que tamb\u00e9m contribuem para reduzir sua sobreviv\u00eancia (MATTAR, 1988). Dentre os motivos externos abordados por Mattar (1988), destaca-se o chamado \u2018efeito sandu\u00edche\u2019, em que as pequenas empresas compram de grandes fornecedores e vendem para grandes clientes, ficando na situa\u00e7\u00e3o em que os pre\u00e7os de compra s\u00e3o impostos pelos fornecedores e os pre\u00e7os de venda s\u00e3o impostos pelos clientes. O baixo volume de cr\u00e9dito e financiamento dispon\u00edvel, e a m\u00e3o-de-obra desqualificada tamb\u00e9m s\u00e3o fatores determinantes para o fracasso da empresas (MATTAR, 1988). Em rela\u00e7\u00e3o aos fatores externos citados por Mattar (1988), Ch\u00e9r (1991) lembra que, \u00e9 importante por parte do empreendedor, demonstrar seguran\u00e7a e credibilidade juntos \u00e0s institui\u00e7\u00f5es financeiras, a fim de obter maior volume de recursos. J\u00e1 dentre os fatores internos, Mattar (1988) lan\u00e7a a id\u00e9ia de Drucker das empresas \u2018an\u00e3s\u2019. A empresa \u2018an\u00e3\u2019 \u00e9 pequena porque sofreu alguma distor\u00e7\u00e3o estrutural durante sua implanta\u00e7\u00e3o ou durante o seu desenvolvimento, que em muitos casos \u00e9 irrepar\u00e1vel. Em fun\u00e7\u00e3o disso, ela \u00e9 ineficaz e tem propens\u00e3o a minguar cada vez mais at\u00e9 desaparecer, pois n\u00e3o re\u00fane condi\u00e7\u00f5es de enfrentar a concorr\u00eancia com sucesso e muito menos de permanecer sintonizada com as cont\u00ednuas mudan\u00e7as ambientais (MATTAR, 1988). Os outros fatores internos s\u00e3o: o desencontro dos objetivos da empresa com os interesses do empres\u00e1rio, e a falta de recursos financeiros para tocar o neg\u00f3cio. Finalmente, \u00a06 \u00faltimo fator interno, resultante segundo Mattar (1988), de um fator externo, remete-se \u00e0 inadequada forma\u00e7\u00e3o e no\u00e7\u00e3o sobre o neg\u00f3cio, onde o empres\u00e1rio n\u00e3o sabe lidar com determinadas situa\u00e7\u00f5es e problemas. Para Pereira (1995), os fatores do fracasso s\u00e3o quase uma imagem reversa dos fatores do sucesso, ele conclui que o empreendedor muitas vezes deixa de utilizar suas caracter\u00edsticas pessoais e os instrumentos que tem sob seu controle para gerir de maneira correta.<\/p>\n
Metodologia na Gest\u00e3o e na Contabilidade<\/strong><\/h2>\n
De acordo com Silva e Menezes (2000) a pesquisa do ponto de vista qualitativo, considera uma rela\u00e7\u00e3o entre o mundo real e o sujeito da pesquisa, n\u00e3o respondendo \u00e0s quest\u00f5es em n\u00fameros, mas sim a partir de uma an\u00e1lise indutiva. Classificando esta pesquisa em rela\u00e7\u00e3o aos seus objetivos, tem-se uma pesquisa de car\u00e1ter explorat\u00f3rio. Isto porque segundo Gil (2009) estas pesquisas geralmente aprimoram id\u00e9ias, e envolvem na maioria das vezes levantamento bibliogr\u00e1fico, entrevistas com quem j\u00e1 tem experi\u00eancia com o problema pesquisado e an\u00e1lises de exemplos que motivem e facilitem a compreens\u00e3o. Pode-se dizer ainda que, esta pesquisa \u00e9 tamb\u00e9m descritiva quanto aos seus objetivos. Isto porque neste estudo, descrevem-se os fatores que contribuem para o sucesso ou fracasso das MPES, bem como o perfil dos empreendedores que est\u00e3o \u00e0 frente desses neg\u00f3cios. Ao confrontar a vis\u00e3o te\u00f3rica com os fatos da realidade, Gil (2009) afirma que \u00e9 preciso determinar um modelo conceitual, denominado delineamento. J\u00e1 os estudos de casos, s\u00e3o definidos por Gil (2009, p.54) como: \u201c[…] o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento […].\u201d O autor trata ainda da crescente utiliza\u00e7\u00e3o de estudos de caso por diferentes prop\u00f3sitos. No caso deste estudo, pode-se considerar a preserva\u00e7\u00e3o do car\u00e1ter unit\u00e1rio do objeto de estudo, como sendo um deles. De acordo com Mattar (2001), os estudos de caso selecionados auxiliam a aprofundar o conhecimento de problemas n\u00e3o suficientemente definidos. Tem-se neste estudo dois casos a serem estudados, com empresas distintas. A primeira empresa analisada \u00e9 a Empresa \u03b1, que se enquadra nos padr\u00f5es de empresa de pequeno porte, segundo o crit\u00e9rio de n\u00famero de funcion\u00e1rios. Atua no ramo aliment\u00edcio e localiza-se no bairro Praia do Canto em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo. A empresa possui 22 funcion\u00e1rios e \u00e9 administrada por Khemel, que \u00e9 graduado em Administra\u00e7\u00e3o. Est\u00e1 no mercado desde dezembro de 2008, a entrevista foi feita em maio de 2010. A segunda empresa analisada \u00e9 a Empresa \u03b2, esta tamb\u00e9m se enquadra nas empresas de pequeno porte, segundo o crit\u00e9rio de faturamento. Foi lan\u00e7ada no mercado em 2006. Anteriormente, o estabelecimento era uma loja de artigos masculinos. Mais tarde, em dezembro do mesmo ano, o ponto foi dividido para a loja e uma lanchonete. Oito meses depois, a loja foi extinta, expandindo-se a lanchonete que se transformara em um bar, at\u00e9 dezembro de 2009, ano do seu fechamento. Khalil, o empres\u00e1rio que \u00e9 graduado em Administra\u00e7\u00e3o, colaborou com este estudo, relatando alguns aspectos que contribu\u00edram para o fechamento da empresa. Estas empresas foram selecionadas pelo pesquisador, a fim de demonstrarem a realidade do que \u00e9 expresso pelos autores e apresentado no referencial te\u00f3rico deste trabalho. . O objetivo desta escolha esteve em aprimorar e ganhar mais conhecimentos sobre o assunto, sem evidenciar, contudo, a representatividade de uma popula\u00e7\u00e3o, considerando a natureza qualitativa do estudo, conforme j\u00e1 mencionado. A coleta dos dados desta pesquisa foi in loco, por meio de entrevistas pessoais com os empres\u00e1rios. As entrevistas foram semi-estruturadas, com o intuito de obter informa\u00e7\u00f5es sobre os neg\u00f3cios, sobre os empreendedores, e tamb\u00e9m sobre a vis\u00e3o que os mesmos possuem SEGeT \u2013 Simp\u00f3sio de Excel\u00eancia em Gest\u00e3o e Tecnologia 7 a respeito de sucesso\/fracasso empresarial. De acordo com Lakatos e Marconi (2006) entrevistas semi- estruturadas s\u00e3o: \u201c[…] quando o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situa\u00e7\u00e3o em qualquer dire\u00e7\u00e3o que considere adequada. \u00c9 uma forma de explorar mais amplamente a quest\u00e3o\u201d (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.279). Para facilitar o trabalho do pesquisador, e proporcionar mais tranq\u00fcilidade aos entrevistados, alguns recursos foram utilizados nas entrevistas, como: roteiros impressos para melhor acompanhamento e desenvolvimento da entrevista e um gravador, que facilita o entrevistador e o entrevistado para seguirem de maneira mais fluente, e sem interrup\u00e7\u00f5es, uma vez que, com a entrevista gravada, o pesquisador pode retornar com calma \u00e0s respostas, e analis\u00e1-las cuidadosamente. Em uma primeira reuni\u00e3o, no m\u00eas de Abril de 2010, foi relatada aos sujeitos da pesquisa, uma explica\u00e7\u00e3o sobre este trabalho, bem como a import\u00e2ncia de suas participa\u00e7\u00f5es, por meio dos estudos de casos, para enriquecer e desenvolver de maneira mais completa o estudo. Os roteiros de entrevistas abordaram quest\u00f5es de car\u00e1ter pessoal dos empreendedores, dados referentes \u00e0s empresas em estudo bem como quest\u00f5es relacionadas ao que foi visto no referencial te\u00f3rico. Dentre estas quest\u00f5es, pode-se mencionar: motiva\u00e7\u00f5es para abrir uma empresa; caracter\u00edsticas empreendedoras; identifica\u00e7\u00e3o de oportunidades para iniciar o neg\u00f3cio; a import\u00e2ncia do plano de neg\u00f3cios; a determina\u00e7\u00e3o e a capta\u00e7\u00e3o de recursos; a gest\u00e3o da empresa; e fatores considerados de sucesso\/insucesso. Ao empres\u00e1rio que j\u00e1 tivera suas atividades encerradas (empresa fechada), al\u00e9m das perguntas relacionadas aos temas citados, coube tamb\u00e9m a apresenta\u00e7\u00e3o de todo o processo de abertura e fechamento da empresa, assim como algumas perguntas direcionadas exclusivamente a ele, que n\u00e3o se enquadram no caso da Empresa \u03b1. O tratamento dos dados foi realizado por meio de an\u00e1lise qualitativa, porque conforme Trivinos (1987), esse m\u00e9todo objetiva conhecer a realidade segundo a perspectiva dos sujeitos participantes da pesquisa. Para Miles e Huberman (1984) \u00e9 importante que seja feita a redu\u00e7\u00e3o dos dados, selecionando, simplificando e transformando esses dados para que o pesquisador possa chegar a uma conclus\u00e3o desejada. A abordagem desse estudo de casos \u00e9 qualitativa, em que n\u00e3o h\u00e1 restri\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o ao m\u00e9todo ou t\u00e9cnicas utilizadas (MINAYO, 2000).<\/p>\n
An\u00e1lise de Dados Cont\u00e1beis<\/strong><\/h2>\n
As duas empresas analisadas e pesquisadas s\u00e3o: as empresas \u03b1 e \u03b2. Primeiro menciona-se algumas caracter\u00edsticas e informa\u00e7\u00f5es gerais sobre as empresas, a fim de obter-se uma no\u00e7\u00e3o e aproxima\u00e7\u00e3o maior com os sujeitos das pesquisas. Em seguida, a partir das informa\u00e7\u00f5es coletadas nas entrevistas, faz-se uma an\u00e1lise dos dados com o referencial te\u00f3rico, e realiza-se um emparelhamento para saber se o que acontece na realidade e no cotidiano dos empres\u00e1rios estudados, condiz com o que foi abordado no referencial te\u00f3rico.
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\n <\/p>\nResumindo<\/h3>\n
Observou-se que a mortalidade das empresas de micro e pequeno porte \u00e9 muito comum. Assim, deu-se in\u00edcio a uma pesquisa, baseada em dois estudos de casos, a fim de compreender quais fatores ligados \u00e0 empresa e ao empreendedor que contribuem para o sucesso ou insucesso dos empreendimentos. A partir destes estudos de caso, p\u00f4de-se concluir e verificar o que os empres\u00e1rios realizaram ao longo dos anos de empresa, para que as mesmas obtivessem o sucesso ou insucesso. . Por isso, optou-se por escolher uma empresa que ainda se mant\u00eam no mercado, e outra que j\u00e1 encerrou suas atividades. Partindo da an\u00e1lise da Empresa \u03b1, tem-se que a maioria das atitudes realizadas ao longo dos anos pelo empres\u00e1rio Khemel, tiveram organiza\u00e7\u00e3o e foco no que se deseja realizar. Ao emparelhar os dados coletados com o referencial te\u00f3rico, observou-se que al\u00e9m das qualidades que s\u00e3o positivas ao empreendedor, h\u00e1 na empresa caracter\u00edsticas ben\u00e9ficas para o sucesso. A qualifica\u00e7\u00e3o, organiza\u00e7\u00e3o, dedica\u00e7\u00e3o e a capacidade de assumir riscos e de inovar no neg\u00f3cio, s\u00e3o algumas das qualidades positivas observadas no empreendedor. J\u00e1 em rela\u00e7\u00e3o aos neg\u00f3cios, al\u00e9m da identifica\u00e7\u00e3o da oportunidade para sua abertura, houve o planejamento, que se conclui como uma ferramenta essencial ao neg\u00f3cio, pois al\u00e9m de garantir mais seguran\u00e7a ao empreendedor, prev\u00ea uma an\u00e1lise futura da empresa. Os recursos utilizados na empresa e o gerenciamento da mesma, tamb\u00e9m justificam o sucesso da Empresa \u03b1, que encontra-se no mercado at\u00e9 os dias de hoje. Em contrapartida, a Empresa \u03b2 vem demonstrar quais fatores contribu\u00edram para o seu insucesso. Ap\u00f3s an\u00e1lise cuidadosa dos dados, observa-se que por parte da organiza\u00e7\u00e3o do neg\u00f3cio ocorreram algumas falhas, faltando foco e principalmente planejamento do neg\u00f3cio. Em rela\u00e7\u00e3o ao empreendedor, tem-se que apesar do mesmo possuir qualifica\u00e7\u00e3o para \u00e1rea de gest\u00e3o de empresas, o mesmo n\u00e3o tinha conhecimento do mercado e do ramo em que estava atuando. A identidade da Empresa \u03b2 n\u00e3o foi mantida durante os tr\u00eas anos de funcionamento, visto que o foco mudou em fun\u00e7\u00e3o de uma demanda, isto demonstra que, apesar do empenho por parte dos empres\u00e1rios, que tentavam inovar e se diferenciar para se manter no mercado, o desconhecimento e a inexperi\u00eancia contribu\u00edram negativamente para o neg\u00f3cio, que encerrou sua atividades n\u00e3o por problemas financeiros ou cont\u00e1beis<\/strong>, mas por quest\u00f5es de qualifica\u00e7\u00e3o dos empres\u00e1rios, que n\u00e3o estavam preparados para gerenciar a empresa, em virtude do pr\u00f3prio destino que esta ganhou. Assim, considera-se que esta pesquisa contribuiu para se conhecer melhor os fatores que podem afetar o sucesso ou insucesso das empresas, bem como para se observar duas realidades mais pr\u00f3ximas e analisar se, o que foi demonstrado por estudiosos, aplica-se no cotidiano. N\u00e3o se pode, contudo, generalizar o resultado desta pesquisa a todas as micro e pequenas empresas, uma vez que cada uma possui uma realidade distinta e est\u00e3o expostas a condi\u00e7\u00f5es ambientais, externas e internas diferentes. Pretende-se, de qualquer forma, que esta pesquisa possa auxiliar no conhecimento de estudantes, professores, empres\u00e1rios e interessados neste assunto. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
O n\u00famero de micro e pequenas empresas (MPES) cresce a cada dia no Brasil. Dentre os diversos fatores de suporte a este crescimento, tem-se o empreendedorismo, mas embora haja uma quantidade significativa de micro e pequenos empreendimentos, existe uma preocupa\u00e7\u00e3o com o tempo de vida dessas empresas, que muitas vezes n\u00e3o sobrevivem ao mercado grande […]<\/p>\n","protected":false},"author":6,"featured_media":751,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[2],"tags":[],"class_list":["post-750","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-dicas-e-noticias"],"yoast_head":"\n
Fatores de Sucesso e Insucesso de Micro e Pequenas Empresas - Faim Cont\u00e1bil<\/title>\n\n\n\n\n\n\n\n\n\n\n\t\n\t\n\t\n\n\n\n\t\n\t\n\t\n